A capitulação de Jean-Claude Pressac

Há exatamente dez anos [hoje 25], a 15 de junho de 1995, Jean-Claude Pressac capitulou. Porém, o texto de sua capitulação foi somente publicado – discretamente e em letras miúdas – ao final de um livro publicado por Valérie Igounet, em abril de 2000, sob o título Histoire du négationnisme en France [História da negação do holocausto na França], Éditions du Seuil.
Deve-se considerar que muitos leitores selecionados lançaram apenas uma rápida espiada nessas últimas duas folhas (pág. 651 e 652); elas ocuparam apenas uma pequena parte do espaço que V. Igounet concedeu a J.-Claude Pressac para sua exposição. Mas elas são de importância vital para a história da controvérsia no torno das “Câmaras de gás nazistas“. Pressac explicou claramente no final das contas que o Dossiê oficial da história dos Campos de Concentração NS está “apodrecido”. Ele acrescenta ainda que este dossiê está irremediavelmente apodrecido e com destino “claramente ao lixo da história”! Ele faz uma acusação veemente contra uma “lembrança” que registrou preponderância histórica, contra considerações inspiradas em “ressecamentos e vingança”, contra comunistas e suas associações judaicas que causam guardas de uma falsa verdade (ele não deve fazer nada). Ele escreveu: “Tolices, exageros, omissões e mentiras caracterizam a maioria dos relatos sobre aquele período”.
Ele pergunta: “Pode-se retroceder este desenvolvimento?” E ele próprio fornece a resposta: “É muito tarde. Uma retificação geral é humano e materialmente impossível”.
Pressac emprestou o rótulo “apodrecido” do Prof. Michel de Boüard. Este historiador católico, ao mesmo tempo simpatizante dos comunistas e que foi preso em Mauthausen como membro da resistência, tornou-se após a guerra decano em filosofia e história na Faculdade de Caen (Normandia), assim como membro do Institut de France. Dentro do comitê para História da Segunda Guerra Mundial, ele foi presidente da comissão para a história da deportação. Prof. de Boüard possuía a cruz de honra ao mérito da guerra, medalha da resistência, assim como comandante da legião de honra. Detalhadas informações sobre suas inesperadas declarações de 1986-1987, marcadas por amplo caráter revisionista, encontram-se em meus ER-Écrits révisionnistes (1974-1998) nas páginas que se referem no índice ao nome “Michel de Boüard”.

Para esta mudança súbita de opinião por parte de Pressac existe uma explicação. A 15 de junho de 1995, quando ele assinou sua capitulação, o homem estava ainda totalmente sob o efeito da humilhação que sofrera um mês antes, exatamente a 9 de maio do mesmo ano, ante a XVII Corte Parisiense de Apelação sob direção da juíza Martine Ract-Madoux. Em setembro de 1993, a publicação de seu livro Les Crématoires d’Auschwitz. La Machinerie de meurtre de masse (Os crematórios de Auschwitz. A maquinaria do genocídio) teve retumbante repercussão na mídia. Em contraposição, eu publiquei um pequeno livro com o título Réponse à Jean-Claude Pressac sur le problème des chambres à gaz (Resposta a Jean-Claude Pressac sobre o problema da câmara de gás). Por causa deste livro eu fui obrigado a comparecer diante dos tribunais, precisamente por causa da lei Fabius-Gayssot [1], a qual proíbe a negação do crime contra a humanidade, assim definido e condenado pelos juízes em Nuremberg. Meu advogado Eric Delcroix e eu exigimos o comparecimento de J.-C. Pressac para testemunhar e no caso dele não aparecer, que fosse intimado e levado aos tribunais. Eu indico dois artigos em meus Écrits révisionnistes, onde relato no decorrer do julgamento o crescente embaraço da testemunha, descrevo suas desculpas e incompetência diante das perguntas de meu advogado E. Delcroix e, finalmente, retrato a consternação do tribunal diante de um homem que declarava com os braços levantados, que ele só tinha uma vida e estava sozinho nesta luta. [2]
Os processos que são conduzidos contra nós na França e no estrangeiro, por causa do delito do revisionismo, foram bastante agravados, para não dizer desmoralizantes. Nós fomos humilhados até agora e somos tentados a pensar que cada defesa, que merece este título, não valha a pena. Porém, temos que reconhecer que este processo fortaleceu consideravelmente nossa causa. Nossos adversários rejeitaram todas nossas ofertas para um debate e se esconderam de qualquer confrontação pública. Eles anunciaram em tom de fanfarra, que seus dossiês – Holocausto / Shoa – eram inquestionáveis. As únicas oportunidades que nós os obrigamos a aparecer pessoalmente, ou diante de uma platéia, foram nesses processos, onde eles tiveram a audácia de conduzi-los. Às vezes, eles podem ter deixado a impressão de que conseguiram fazer prevalecer suas controversas históricas ou científicas. A última vez foi o caso do processo que eles ganharam em Londres contra David Irving. Porém, David Irving é somente um meio-revisionista, e ele não está totalmente inteirado dos argumentos revisionistas. Ele não conseguiu dar xeque-mate no judeu Jan van Pelt, um tipo de Pressac em formato miniatura [3], um rabino iluminista. Ele rejeitou o auxílio que um especialista como Germar Rudolf lhe ofereceu. Em todo caso, onde os revisionistas se defendem energicamente e foi clara a derrocada do adversário. Neste contexto, os dois longos processos contra Ernst Zündel (1985 e 1988) foram exemplares. Naturalmente está subentendido que eu não me refiro ao desfecho jurídico de ambos os processos, mas sim apenas aos resultados que os revisionistas conseguiram no campo histórico e científico. [4]
Por um lado a derrota dos peritos e testemunhas do adversário, de outro lado, como consequência dos processos, as contribuições possivelmente importantes dos pesquisadores revisionistas para aprimorar a ciência histórica (principalmente com o Relatório Leuchter sobre Auschwitz e Majdanek).
A mídia ocidental festejou J.-C. Pressac como um tipo de gênio que, assim foi afirmado, teria liquidado com o revisionismo, assim como com Robert Faurisson. Quando ele faleceu a 23 de junho de 2003, com 59 anos, sua morte permaneceu completamente ignorada. Nenhum daqueles jornais ou revistas que outrora o festejaram, nem ao menos citaram seu falecimento. [5]
O 15 de junho de 1995, quando foi assinada a capitulação de J.-C. Pressac, representa uma das mais marcantes datas da história do Revisionismo.
Fonte: VffG
Publicado originalmente em 15 jun. 2005. Traduzido por Inacreditável e publicado em 5 mar. 2020.
Notas:
[1] Nota da edição: A lei Gayssot (em francês, ‘Loi Gayssot’) é como é chamada comumente a lei francesa nº 90-615, de 13 de julho de 1990, que em tese sustenta que está “destinada a reprimir todos os fins racistas, anti-semitas ou xenófobos”. Assim, o primeiro artigo da lei sustenta que “toda discriminação baseada em pertencer ou não pertencer a um grupo étnico, nação, raça ou religião é proibida”. Mas basicamente, desde a promulgação da Lei Gayssot na França, tornou-se uma ofensa grave exatamente até questionar a existência ou o tamanho de determinados fatos que são encaixados como “crimes contra a humanidade”, conforme definido na Carta de Londres, com base na qual os líderes alemães nacional-socialistas foram condenados no Julgamentos de Nuremberg entre 1945 e 1946.Essa lei foi proposta pelo então deputado comunista Jean-Claude Gayssot como uma das inúmeras leis que proíbe a negar, questionar ou duvidar do holocausto. Na França, anualmente, a Comissão Nacional Consultiva dos Direitos do Homem, criada em 1947, é responsável por preparar um relatório público sobre isso.
Homens como Robert Faurisson, Vincent Reynouard, Alain Soral e Dieudonné M’bala M’bala questionaram essa lei como como uma violação de seu direito à liberdade de expressão sob o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (PIDCP). Mas o Comitê de Direitos Humanos confirmou a Lei Gayssot como necessária para combater o chamado “anti-semitismo“.
No Brasil, temos o PL (Projeto de Lei) 987/2007 de autoria do ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro, o judeu sionista Marcelo Zaturansky Itagiba (PMDB/RJ) que altera a redação do art. 20 da Lei nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989, penalizando quem negar ou discordar da ocorrência do Holocausto. Esse primeiro projeto foi incorporado a outro projeto de lei, o PL 11060/2018, de autoria dos deputados federais Floriano Pesaro (PSDB/SP) e Eduardo Barbosa (PSDB/MG) com os mesmos fins, pautando-se para isso na Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial.
[2] ER, pág. 1674–1682 assim como 1683–1693 [3] “Robert Jan van Pelt, a scholar who is clearly inferior to Pressac both intellectually as well as regarding his critical attitude” [Robert Jan van Pelt, um acadêmico, que estava aquém de Pressac tanto intelectualmente assim como em relação à sua posição crítica] (Carlo Mattogno, ‘Minhas lembranças de Jean-Claude Pressac’, VffG Ano 7, Volume 3–4, 2003) [4] Nota da tradução: Quando a confrontação pública é possível, o fiasco dos defensores do suposto Holocausto judeu é notório. O vídeo abaixo mostra o debate realizado pela Rede Bandeirantes e com comentários de Siegfried Ellwanger Castan. Também presente neste artigo. [5] Independente de um persistente boato, eu tenho que esclarecer mais uma vez que Pressac nunca foi meu “colaborador” ou meu “discípulo”.
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