A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, disse nesta segunda-feira (19) que o candidato Luis Arce, venceu as eleições presidenciais em primeiro turno. horas depois, o candidato governista Carlos Mesa, também admitiu a derrota. Outro ator importante que admitiu a vitória do MAS foi o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que desejou sucesso a Arce e disse que “a partir da democracia” ele saberá “forjar um futuro brilhante para seu país”. Mesmo sem o resultado oficial, Arce já comemorou a vitória nas eleições.
Arce, candidato do partido de Evo Morales, do Movimento para o Socialismo (MAS), aparece como vencedor em duas pesquisas de boca de urna já no primeiro turno. Mas o resultado oficial deve demorar para ser divulgado. Até o início dessa semana, cerca de 61% das urnas haviam sido apuradas.
O levantamento da organização Tu Voto Cuenta mostra Arce, do partido MAS, com 53% dos votos, 30,8% com o ex-presidente Mesa e o líder da direita neoconservadora, Luis Fernando Camacho, também apoiador governista, com 14,1% . Os outros candidatos aparecem com menos de 2%.
Ao mesmo tempo, pesquisa do instituto Ciesmori apontou Arce com 52,4%, Mesa com 31,5% e Camacho com 14,1%. No levantamento, os outros candidatos também têm menos de 2% dos votos.
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A Bolívia votou para escolher quem vai substituir Jeanine Añez, a presidente interina que assumiu em novembro de 2019, após a anulação da votação daquele ano e os distúrbios que levaram Evo Morales a renunciar. Em 20 de outubro de 2019, Evo concorreu pela quarta vez à presidência e ficou em primeiro (Mesa ficou em segundo) com 40% dos votos, sendo considerado vencedor.
O resultado inicial da apuração indicava um segundo turno, mas houve interrupções na contagem. Depois de dias de indefinição, o processo foi retomado e Evo saiu como vencedor.
Começaram, então, campanhas midiáticas e protestos contra os resultados alegando que o então presidente era responsável por fraudar as eleições. Essas acusações ficaram mais sérias em 10 de novembro de 2019, quando a mesa OEA apontou publicamente em um de seus relatórios que Evo Morales teria realmente fraudado as eleições.

Evo cancelou os resultados e convocou novas eleições imediatamente. Porém, a ação não foi suficiente: pressionado por militares, ele renunciou e, em seguida, fugiu do país. Inicialmente, ele foi para o México e, depois, se exilou na Argentina.
Posteriormente, estudos de grupos de pesquisas dos EUA colocaram em dúvida a alegação da OEA de que as eleições de 2019 foram fraudadas.
Demora nos resultados oficiais
O resultado pode levar mais de um dia para ser conhecido, pois o Tribunal Superior Eleitoral decidiu eliminar o sistema de apuração preliminar, mantendo apenas a contagem individual, muito mais lenta. Na eleição de 2019, foi justamente a adoção dos dois sistemas paralelos que foi usado para a cisão política, quando números do sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, (chamado de Trep), começaram estranhamente a diferir da contagem individual de votos.
Ao contrário do ano passado, a votação do domingo transcorreu em clima pacífico, sendo encerrada sem problemas às 17 horas (18 horas em Brasília), mostrando a real vontade do povo boliviano.
A eleição pode ser decidida já no primeiro turno se um dos candidatos tiver a maioria simples ou, então, pelo menos 40% dos votos válidos e mais de dez pontos percentuais a mais que o segundo colocado. Se ninguém conseguir esse resultado, um segundo turno está marcado para o dia 29 de novembro.
Luis Arce, Ministro da Fazenda de todos os governo de Evo Morales, formou-se pela Universidade Maior de San Andrés e Universidade de Warwick. Ele é autor do livro “El modelo económico social comunitario productivo boliviano”.
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